segunda-feira, 27 de abril de 2009

O fim do mais diversificado polo gastronômico do Recife

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Não deu para entender a atitude da Prefeitura do Recife em restringir o comércio ambulante de alimentos na praia de Boa Viagem. Para quem é frequentador daquelas areias, sabe bem a falta que fazem alguns comerciantes. Entre eles, o nigeriano Ezequiel, que rumou de volta a África, depois que João da Costa acabou com sua carrocinha de camarões ao alho. Muito alho.

Domingo passado, tive vontade de um queijinho assado. Depois pensei em um espetinho. E o abacaxi cortado na hora? Fiquei na vontade.

Prefeito, com todo o respeito, o senhor não percebe que os nossos ambulantes formam um dos principais perfis turísticos e gastronômicos da nossa praia de Boa Viagem? De tudo tem. Ou melhor, tinha.

Tudo bem. Muitos pecam pela falta de higiene. Mas, não seria mais legal padronizar e capacitar o serviço desse povo? Ia ser bom para eles e para boêmios-praieiros, como eu.

Eita! E as cervejas em garrafa? Precisava mesmo ter banido? Até porque, na areia fofinha, fica difícil quebrar vidro e, ainda por cima, no final da tarde, as latas fazem muito mais sujeira do que os vasilhames (que iam direto para as grades). Sem contar, que consumir as latinhas pesa no bolso!

Pronto. Já desabafei! Me sinto melhor...

Agora vai a dica:

Os caldinhos, que não são produzidos na praia (já chegam da casa dos comerciantes prontinhos em garrafas térmicas), ainda fazem a alegria.


Mas, o melhor deles, sem sombra de dúvidas, é o de Wilson. Ele circula entre a Padaria Boa Viagem e o Pina. Mas, se você der uma telefonada, dizendo um ponto de referência, ele vai ao seu encontro. No caldinho de feijão, Wilson coloca tudo o que temos direito, até torresmo crocante. No verão, são mais de 20 ambulantes trabalhando no Caldinho do Wilson.

Minha amiga, sommelier (chiquérrima) e blogueira (http://www.escrivinhos.com/) Fabiana Gonçalves é cliente assídua do rapaz. Não é vinho, mas ela recomenda!

Olha aí o cartão de visita do moço:

É possível resgatar a tradição

E isso a gente confirma quando vai ao Boteco Maxime, no Pina. A peixada, preparada com peixe fresquinho, muitos legumes e servida em panela de barro - que chega fervente à mesa - é tudo de bom! Então, quem há 20, 30 anos se deliciou com a brisa marinha e sentiu um gostinho especial do que de melhor da maré, pode reviver os sentidos.

Que bom quer o Recife ganhou de volta um dos mais tradicionais restaurantes de sua história.

Além disso, o lugar é muito aconcheante. Perfeito para um pós-praia.

Para quem gosta de polvo, não deixe de experimentar o polvo na brasa com alho. Nota 10.